Integrando a religião africana
Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel sancionava a lei Áurea que aboliu, oficialmente, o trabalho escravo no Brasil. Segundo a coordenadora operacional da Copirc (Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial), Geórgia dos Passos Hilário, um dos maiores símbolos de resistência e luta na abolição da escravatura foi a religião Afro. Por esse motivo, a Copirc realizará, nesta quinta-feira (13) – Dia da Abolição da Escravatura, o 1° Encontro da Integração das Comunidades Tradicionais de Cultos Afros. O evento será às 19 horas, no salão Ouro Negro, no paço municipal.
"Essa é uma forma de reconhecermos o maior símbolo cultural e de resistência da ancestralidade que é a religião africana", afirma Geórgia. Ela ainda informa que o evento será uma forma de reunir as lideranças e a comunidade para que se rompa o preconceito religioso. "Criciúma possui mais de 20 centros de religião afro e essas pessoas, que tem uma vida normal como cidadãos, sofrem com alguns preconceitos. A intenção é levar informação para que se rompa esse preconceito", acrescenta Georgia.
Para o aposentado e babalorixá – Pai de Santo, Francisco de Assis (Chico de Ossanha), o evento vem contribuir de forma positiva para a religião. "Isso vai mostrar que Santa Catarina, principalmente, Criciúma, tem liberdade de culto, podendo até, mais pra frente, trazer eventos grandes que acontecem fora do Estado", destacou.
Chico informa que a religião africana é monoteísta. "Ao contrário do que algumas pessoas pensam acreditamos apenas em um deus: Olorum, que criou tudo e deu vida aos Orixás – forças existentes no mundo. Cada pessoa possui uma força da natureza dentro de si, o meu é o Orixá das árvores e da natureza: Ossanha", informa.
Construindo a cultura africana
"Nossa religião é antiga, tem mais de três mil anos, e nós cultivamos ainda os hábitos daquele tempo, como sacrifício de animais, entre outros", informa Chico, que veio do Rio Grande do Sul para Criciúma, há 22 anos. "Fui criado dentro da religião como meus pais, bisavós. Quando cheguei encontrei alguma resistência, mais pela falta de informação do que por ‘discriminação', daí comecei a encontrar pessoas que tinham a mesma fé que eu", destaca.
Há 10 anos, Chico de Assanha criou o seu ilê (centro religioso) que possui 102 pessoas diretamente ligadas e, aproximadamente, 400 que participam de alguns cultos, sendo da corrente de fé chamada Cabinda. O centro está situado no bairro Renascer. "Um Pai de Santo não é um especialista em feitiçaria, como se acredita, mas um apaixonado pelas pessoas. Estamos sempre dispostos a ouvir, guardar e aconselhar qualquer um", completa.
Mais informações:
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