Amazônia ainda não alcançou as metas do Milênio, indica relatório

Uma pesquisa organizada pela Articulação Regional Amazônica (ARA) indica que a Amazônia ainda está distante dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM). O relatório considerou indicadores dos nove países, e dos 34 milhões de habitantes, que compartilham a floresta. São eles: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.

A Amazônia e os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio foi divulgado durante o encontro Cenários e Perspectivas da Pan-Amazônia – que ocorre de 16 a 18 de novembro, em Belém (PA) – organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável.

O relatório ressalta: "Faltam poucos anos para o prazo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o cumprimento das Metas do Milênio e ainda há muito trabalho para que sejam cumpridas na Amazônia. Há muita diferença de resultados entre os países que compõem a Amazônia, assim como variações internas".

Entre as metas estão à melhoria dos indicadores de Pobreza, Educação, Saúde, Desigualdade de Gênero, Mortalidade Infantil e Materna e Meio Ambiente. Elas foram estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2000, com o prazo de até 2015 para o cumprimento.

De acordo com a pesquisa, dos oito objetivos estabelecidos até 2015, apenas um foi alcançado na parte amazônica de todos os países analisados no estudo: a eliminação da desigualdade de escolaridade entre homens e mulheres. No entanto, cerca da metade da população que vive na região amazônica está abaixo da linha de pobreza, com situação crítica no Equador e na Bolívia.

População que sofre de fome
Pelo relatório, o Brasil foi o único da região a alcançar a meta de reduzir pela metade a proporção da população que sofre de fome. O país registrou taxa de desnutrição infantil de 4% – abaixo da média dos países latino-americanos de 10%. Mas, ainda existem diversos desafios como: a melhoria e a expansão do Saneamento, a melhoria dos índices de desemprego e o fim do trabalho infantil e do trabalho forçado. Segundo o documento, no Brasil, entre 2003 e 2009, mais de 15 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão em regiões rurais da Amazônia.

Nos indicadores de Educação, todos os países avaliados conseguiram aumentar a taxa de matrícula na educação básica, que alcança 90% das crianças em idade escolar. Mesmo que mais de dois terços das crianças que ingressam na escola estejam fora da idade adequada. Na Amazônia brasileira, 26% dos estudantes da educação básica em 2008 tinham idade superior à recomendada para a série, segundo dados apresentados na pesquisa.

Unidades de conservação
Em relação aos indicadores ambientais, a região teve avanços com a criação de unidades de conservação e no reconhecimento de terras indígenas. Mesmo assim, o desmatamento ainda ameaça a floresta e a biodiversidade. O Brasil é apontado como responsável por 72% do desmate anual da Amazônia. Porém, o estudo reconhece que a participação brasileira pode estar superestimada pela falta de dados de outros países.

"Nem todos os países amazônicos têm um sistema de monitoramento anual do desmatamento", diz o texto. Até o fim de 2011, a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) deve divulgar mapas mais atualizados da floresta, com indicadores de desmatamento, exploração de gás e óleo e outras pressões.

Da Agência CNM, com informações da Agência Brasil