Histórias de vidas modificadas por falta de vacina

Por meio das campanhas de vacinação, poliomielite está erradicada no Brasil

Com apenas dois anos de idade, Antônio Luiz de Oliveira era saudável e corria pela casa que vivia com os pais. Hoje, aos 58 anos, o aposentado lembra com detalhes deste pequeno período que teve capacidade de andar.

Ele conta que naquela época passou três dias seguidos com febre alta. Um destes dias, chegou a ter 39ºC. E daí em diante nunca mais conseguiu caminhar. "Minha mãe contou que como passei dias na cama, não havia notado que eu não andava mais. Tentou me colocar de pé, mas não permanecia nem quando ela me segurava pelas mãos", relata Antônio.

Ele perdeu a força para caminhar, por ter sido vítima de uma paralisia causada por ter adquirido poliomielite. "Minha mãe contava que descobriu quando me levou ao médico para saber porque parei de andar. Nesta época, ela dizia que a família viveu momentos de desespero. Foi muito difícil de entender que por esta doença eu ficaria sem andar para o resto da vida. Meus pais ficaram chocados com a notícia do médico. Eu não lembro desse período, mas minha mãe contava que foi muito difícil de aceitar, pois eu já andava e corria por ai", recorda.

A paralisia infantil, como é popularmente conhecida, atinge principalmente crianças de até cinco anos, porém até os 15 anos, a pessoa pode contrair o vírus da poliomielite. Essa doença pode causar a perda de movimentos, principalmente dos membros inferiores. A pólio além de deixar em alguns casos seqüelas graves pode levar até mesmo a morte.

Segundo a enfermeira responsável pelo setor de imunização, Joice Savi Silveira, somente a vacinação é que garante a proteção contra a doença para a vida toda. "A vacina faz com que o vírus não se espalhe. A campanha é mais um reforço, apesar de a doença já estar erradicada no Brasil. É importante que os pais compareçam nas unidades de saúde, pois aqui no Brasil não temos a doença mas em outros países ela ainda existe, e sempre a há o risco de retornar", esclareceu Joice.

A doença é transmitida pelo poliovírus, que entra pela boca. O vírus é carregado pelas gotículas expelidas durante a fala, a tosse e o espirro da pessoa contaminada. A falta de higiene pessoal, de saneamento na moradia e concentração de muitas crianças favorecem a transmissão. O período de contágio e desenvolvimento da doença geralmente ocorre de sete a 12 dias.

Conforme Oliveira é importante que as pessoas levem seus filhos nos postos de saúde para evitar doenças como a que ele desenvolveu. "Essa vacinação é extremamente importante para que se evite novos contágios da doença e principalmente para que ocorram casos iguais ao meu. Tenho uma vida normal dentro do que posso. Nunca deixei de vacinar os meus filhos. Agora são meus netos que sempre exijo que levem para receber a dose que combate a doença", destacou.

Ele não foi o único a ser vítima da doença. Gelson de Souza, 43 anos, também teve paralisia infantil aos dois anos de idade, no ano de 1972. Na época em que contraiu a doença morava no interior do município de Tubarão, e diz que teve que se adaptar a sua nova vida. "Muitas vezes queria jogar futebol, até arriscava uns chutes, tinha muitas dificuldades por não conseguir me movimentar. Mas, a maior delas foi por ter perdido meus movimentos inferiores. Com oitos anos, utilizava aparelho na perna para poder andar. Com os vários tratamentos que fiz, fiquei com problema em apenas uma das pernas", comentou Souza.

Naquela época, segundo Souza, as campanhas não eram tão abrangentes quanto hoje e as vacinas não chegavam até as comunidades, por esse motivo muitas crianças, adolescentes e até mesmo adultos acabaram morrendo vítimas da pólio.

Gelson diz que na sua avaliação, os pais não podem encontrar disculpas para deixar de levar seus filhos até os postos de vacinação. "Os pais tem que ter a consciência de que a pólio está erradicada somente no Brasil, mas no mundo não, por esse motivo os pais devem vacinar todas as crianças. Se eu tivesse sido vacinado não teria contraído a doença", declarou Souza.

Mercado de trabalho de portas abertas

Uma das dificuldades enfrentadas há alguns anos pelas pessoas que sofreram de poliomielite é a entrada no mercado de trabalho. Para Souza hoje muita coisa mudou. "Hoje os mercados abriram as portas de trabalho para gente. Ainda há uma certa discriminação, mas modificou muito as situações. As pessoas estão procurando a gente para nos dar oportunidades. Isso é muito importante e gratificante. Somos tão bons quanto qualquer outra pessoa", descreveu.

Gelson é casado e pai de uma menina de 10 anos que teve todas as vacinas feitas religiosamente em dia.

Sábado é o Dia D da vacinação  

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite começa no próximo sábado, (08), entre 8 horas e 17h. Em Criciúma estão sendo esperadas mais de 11 mil crianças com idade entre seis meses e menores de cinco anos nos postos de vacinação para receber a dose da vacina contra a pólio.

De acordo com Joice é preciso manter as crianças imunizadas para ficar longe da doença. "O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que os pais ou responsáveis não podem deixar as crianças sem tomarem as vacinas, principalmente que elas estejam em dia. Na nossa cidade temos mais de 16 mil doses disponíveis. Temos como meta vacinar até o dia 21, 95% deste grupo", completou.

Para este ano, a Vigilância Epidemiológica não montará postos extras, por esse motivo as crianças serão vacinadas somente nas 47 Unidades Básicas de Saúde do município.

Serviço:

O que: Campanha Nacional de vacinação contra a Poliomielite;
Quando: Neste sábado, (08), que é o Dia D;
Onde fazer: Nas 47 Unidades Básicas de Saúdes dos bairros do município (Todas estarão abertas neste sábado das 8 horas às 17h sem fechar ao meio dia);
O que levar: Todos os pais devem levar seus filhos munidos do cartão de vacina.

 

Mais informações:
Joice Savi/91213986
Gelson de Souza/99278284
Texto: Milena dos Santos
Fotos: Divulgação
Diretoria Executiva de Comunicação
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