O barulho causado pelas máquinas e caminhões da prefeitura nas proximidades da residência da agente de serviços gerais, Vanessa Patrício Rosalino, não incomodam nem um pouco. Na sua visão, os trabalhos de alargamento e aprofundamento do Rio Criciúma era tudo que os moradores que vivem nas proximidades precisavam há anos. Os serviços estão sendo realizados na altura do bairro Pinheirinho, e o resultado aponta aproximadamente 90% da primeira etapa de desassoreamento concluída.
Vanessa já perdeu a casa onde morava com a família em uma enchente. De hoje em diante ela sonha apenas em não sofrer com mais nada semelhante ao que viveu. "O rio enchia no mínimo duas vezes por ano e a gente não suportava mais tanta perda", desabafou. Para ela, em outras épocas, faltou interesse e ações concretas do poder público. Vanessa relatou que nas horas das cheias, recebiam a visita das pessoas da prefeitura, mas, tudo não passava de uma visita e algumas fotos do ambiente e dos problemas. "A solução só veio agora com os trabalhos de prevenção. Sabemos que pode não ser uma solução definitiva, pois, não sabemos com que força a chuva vai vir, mas dá para ver que a limpeza já contribuiu com o escoamento das águas nas últimas chuvas".
Nos próximos dias os serviços serão iniciados no Rio Sangão. A coordenadora da Defesa Civil de Criciúma, Ângela Mello, comemora o resultado obtido até o momento com os trabalhos constantes de prevenção realizados pela entidade. Segundo ela, com todas as pancadas de chuva que caíram o problema parece ter sido minimizado. Ela acredita que o desassoreamento dos rios tem contribuído definitivamente para o escoamento das águas. "Não podemos medir a força da natureza, mas, ações preventivas são fundamentais para que desastres sejam evitados", explica ela.
A aposentada Júlia Gerônimo Grassi, gostou muito da limpeza do Rio que passa atrás da casa dela e garante que agora vai sair para passear menos preocupada com a previsão do tempo. "Nunca sofri perdas, mas o medo que dá na hora da chuva é terrível, causa muito sofrimento nas pessoas que perdem às vezes até alguém da família", disse Júlia.
Com os trabalhos de desassoreamento, a água tem escoado muito mais rápido e tal fato tem deixado o prefeito Clésio Salvaro mais tranquilo. "Nós visitamos as regiões que sempre eram afetadas, onde hoje o Rio tem as margens limpas, está mais largo e aprofundado. A imagem é outra, dá gosto de ver, são imagens lindas se forem comparadas com as cenas tristes que já acompanhamos nas enchentes", disse o prefeito.
Sistema de alertas contra enchentes não é viável
A proposição de um sistema de alertas para enchentes em Criciúma foi tema de um trabalho de conclusão de curso do estudante de engenharia ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) Paulo Henrique Moliner Amboni. Ele atua como funcionário na Fundação de Meio Ambiente de Criciúma, mas, trabalhou durante quatro anos na Defesa Civil do Município e estudou a possibilidade de deixar os moradores preparados para as enchentes e fortes tempestades. O que se segundo ele, não é viável.
O estudante acreditava que a solução para os problemas causados pelas chuvas de verão na cidade estivesse na construção de uma estação hidrológica e pesquisou detalhadamente o assunto. Contudo, a bacia hidrográfica é muito pequena e tal estação não seria adequada devido ao alto custo e a previsão de inundação com antecedência ser muito baixa. "A verba que seria utilizada na construção deste sistema de alertas poderia ser melhor aplicada na aquisição de botes, remos, coletes salva-vidas e equipamentos para atender as pessoas nos momentos mais dramáticos", pontua.
Em seu estudo, Paulo aponta que vários fatores influenciam na ocorrência de enxurradas e inundações no município, como por exemplo, o alto índice pluviométrico que incide na região, principalmente no verão e também o assoreamento dos rios. Segundo ele, todos os desastres que levaram o Município a decretar situação de emergência ocorreram entre os meses de novembro e maio, sendo que a maior frequência se deu entre janeiro e março.
Desde 1995, os números de desastres naturais cresceram na cidade. A partir do ano 2000, o crescimento foi maior ainda. Estes eventos podem estar relacionados ao aquecimento global. Enxurradas e inundações bruscas são os eventos naturais que mais atingem a cidade de Criciúma.
Mais informações:
Angela Mello/ 9164 5298
Paulo Henrique Moliner Amboni/ 88010393/ 9652 2833
Texto: Kênia Pacheco
Fotos: Lucas Sabino
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