Gravidez na adolescência: programa auxilia para uma gestação saudável
A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias conseqüências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias. Ela se apresenta no momento em que os jovens iniciam o aprendizado da sexualidade e quando ainda estão completando sua formação profissional.
A Organização Mundial de Saúde define a adolescência como o período da vida que vai dos 10 aos 19 anos. No Brasil, a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhos de adolescentes, número que vem diminuindo. No entanto, há hoje no Brasil três vezes mais garotas grávidas com menos de 15 anos do que na década de 70.
As complicações médicas que envolvem mãe adolescente e criança são mais freqüentes do que nas mulheres adultas. Ocorre o dobro da incidência de recém nascidos de baixo peso e a taxa de morte neonatal (do bebê) é três vezes maior. As grávidas adolescentes têm taxa de mortalidade duas vezes maior que as grávidas adultas. Ocorrem com mais freqüência baixo ganho de peso, prematuridade, hipertensão gestacional e anemia, todas com resultados negativos na gravidez.
As separações de casais e as gravidezes repetidas são complicações psicossociais da gravidez na adolescência, assim como a interrupção nos estudos. A falta de formação profissional compromete o futuro da família pelas dificuldades para obter emprego.
Em Criciúma, os números de crianças nascidas vivas de mães adolescentes de 10 a 19 anos, em 2008, conforme o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), foi de 405. Já em 2007, foram 485.
A ginecologista Sarita Cardoso enfatiza a importância da educação sexual para dar aos jovens as informações e habilidades necessárias para fazer as escolhas saudáveis sobre sua saúde sexual e reprodutiva. Caso o adolescente decida iniciar a sua vida sexual, deve ter acesso a orientação sobre métodos anticoncepcionais e uso de preservativo.
As adolescentes podem demorar um pouco para começar o acompanhamento pré-natal, porque relutam em revelar a gravidez para os pais. Mas, geralmente os pais da adolescente grávida ou de seu companheiro acolhem o casal até porque muitas adolescentes são filhas de mães adolescentes. As gestantes mostram-se felizes com a gravidez, e o filho passa a ser seu projeto de vida.
É o caso de Tamara Roque Seferino, de 17 anos que está grávida de seis meses. Ela mora com o jovem Rafael Silva de Souza, de 18 anos no bairro Mineira Velha, em Criciúma. O casal será abençoado por uma menina que eles ainda não sabem o nome. "Foi muito bom saber o resultado. Nós já morávamos juntos e queríamos ter filho", disse ela acrescentando que os pais estão dando muito apoio. Eles moram na casa dos pais dela e estão juntos há três meses.
Acompanhamento na unidade
Após o diagnóstico da gravidez, as adolescentes chegam à unidade através de encaminhamento e lá fazem exames de pré-natal e todo acompanhamento com profissionais.
Na hora da consulta, a médica Sarita realiza uma série de perguntas e recomendações, além de ver o peso, altura e batimentos do bebê. Os cuidados com a alimentação, segundo ela, são fundamentais para o desenvolvimento do feto. "No acompanhamento que realizamos, sempre verificamos o estado físico e emocional da mãe. Em alguns casos precisamos colocá-las de frente com as suas responsabilidades, pois elas esquecem que de agora em diante tem alguém que precisa muito delas. Uma alimentação segura faz parte de todo esse processo. Além, de exercícios e continuidade aos estudos e trabalhos, que são algumas das atividades que reforçamos", afirmou.
Na hora da consulta para elas mães de primeira viagem, a maior emoção é ouvir os batimentos do seu filho. Tamara conta que nesta hora sente que, realmente, alguém precisa dela. "Para mim é muito bom e emocionante. Como eu e meu esposo planejamos, é gratificante ver que está tudo bem com a saúde de nosso filho. Os cuidados que recebemos aqui, nos ajudam ainda mais a olhar por ele. Não ligo por ser nova, o importante é que nós estamos levando tudo isso muito a sério", destacou ela.
A médica ressalta que são raras as adolescentes que tem resistência em comparecer regularmente às consultas e fazer os exames, pois percebem o quanto isso é necessário.
Equipe para garantir melhor atendimento
A equipe do Criança Saudável é formada por pediatras de várias especialidades que atendem as crianças encaminhadas pelos médicos das unidades básicas: pediatra, cirurgião pediatra, pneumologista neurologista, endocrinologista, infectologista, cardiologista, dermatologista, gastroenterologista. Além disso, na Unidade são atendidas as grávidas adolescentes e as gestações de alto risco. Ainda compõe a equipe três técnicos de enfermagem, um enfermeiro, um psicólogo, um assistente social, um fonoaudiólogo, um nutricionista. O atendimento é das 7 horas às 17 horas sem fechar ao meio dia, na praça Nereu ramos.
Conforme a enfermeira do local e coordenadora da unidade, Desire Ferreira, há casos de adolescentes frágeis. "Muitas chegam com infecções, dores e para isso há um obstetra dentro do posto de saúde. Quem apresentar baixo peso, vai direto para uma nutricionista. Aqui elas tem todo o acompanhamento", disse. Elas começam indo uma vez por mês durante 30 semanas, depois vem a cada 15 dias e a partir de 35 semanas, vem toda semana. Depois do parto elas fazem uma consulta para orientação contraceptiva.
"A orientação é muito importante. A adolescente que está iniciando a atividade sexual deve receber toda a orientação sobre planejamento familiar", finalizou a enfermeira.
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Texto: Daniela Savi e Franciela Lima
Fotos: Franciela Lima